Estava pesquisando sobre a qualidade de rações, quando encontrei esse estudo apresentado em evento de pesquisa da Unicruz. Nesse estudo as pesquisadoras explicam a principal diferença entre as rações de qualidade e as rações de combate. Achei sensacional esse trabalho porque, além de ser em linguagem que permite o entendimento a leigos (tipo eu, kkk), vem para reforçar e esclarecer de uma vez por todas que não é só marca, é qualidade. Então, se você conhece alguém, que mesmo tendo condições ainda oferece ração de combate (as que eu chamo de "marca-diabo"), apenas mostre esse estudo a elas e poupe sua saliva!!
A relação entre o desenvolvimento de uma doença e a qualidade da alimentação ou a falta de alimento está diretamente relacionada. Longos períodos de privação alimentar culminam em grande mobilização de aminoácidos, que são utilizados na síntese de DNA e RNA, na produção de proteínas de fase aguda e de energia (gliconeogênese), agravando ainda mais o estado de desnutrição A desnutrição protéico-energética é resultado de um baixo consumo de alimentos, que resulta na deficiência de calorias e aminoácidos. Seus efeitos tendem a ser específicos para cada tecido e podem se tornar generalizados quanto maior for a demora em sua correção (SAKER, 2004).
Para atender a demanda de produtos de qualidade nutricional há no mercado uma classificação de rações de acordo com seus componentes: super premium são assim denominadas pois são fabricadas com matérias-primas de qualidade superior, com ótimo aproveitamento pelo animal. São utilizadas proteínas de origem animal, tais como bovina, suína, de frango ou de peixe, e no caso dos vegetais são empregados os de melhor absorção pelos cães, como o arroz, por exemplo. Já as rações do tipo combate utilizam matérias-primas de qualidade inferior, como subprodutos animais (ossos, vísceras, pés, cabeça, penas, entre outros) que diminui a qualidade da proteína, uma vez que muitos destes não são digeridos pelo cão, não tendo por isso qualquer valor nutricional. Além disso, rações caninas elaboradas com subprodutos apresentam variação acentuada na sua composição nutricional, enquanto que a ração super premium apresenta alta qualidade e melhor perfil aminoacídico (FELICIANO, 2009).
Parâmetro
(%)
|
Ração
|
Marca A
|
Marca B
|
Marca C
|
Umidade
|
Combate
Premium
Super
Premium
|
8,09
11,03
9,81
|
9,42
10,05
9,72
|
10,06
10,99
9,57
|
Cinzas
|
Combate
Premium
Super Premium
|
8,00
7,93
7,87
|
10,06
7,88
7,85
|
8,61
7,95
7,93
|
Lipídios
|
Combate
Premium
Super
Premium
|
5,15
5,27
14,22
|
5,94
5,86
13,47
|
6,00
3,39
14,68
|
Proteína
|
Combate
Premium
Super Premium
|
18,64
24,97
27,40
|
19,30
25,20
26,38
|
22,40
24,90
26,70
|
Figura A – Composição
nutricional das rações secas para cães adultos dos tipos combate, premium e
super premium adquiridas em Lajeado-RS
A ração super premium apresenta alta densidade energética, digestibilidade aparente da matéria seca superior a 85%, fonte de proteína de alto valor biológico e fonte fixa de ingredientes. Os elevados teores de proteínas e lipídios das rações premium e super premium, principalmente, mostram porque uma menor quantidade das mesmas é necessária para alimentar os animais, se comparada com a ração combate (PRADA, 2002). O consumo médio diário sugerido pelos 158 fabricantes de ração do tipo combate é de aproximadamente 13,90% superior ao de ração premium, por exemplo.
A qualidade dos componentes da ração são de grande importância, o que se tem notado é que arroz e milho têm sido considerados as melhores fontes de amido, distinguindo- se farinhas ou amidos purificados dos ingredientes moídos, como utilizado na fabricação de alimentos para animais de companhia. Além de sua digestibilidade e valor energético, amidos interferem na glicemia de cães, o que torna interessante se empregar, para animais em condições específicas, fontes de carboidrato que levem à menores respostas de glicose e insulina. Devido a elevada necessidade de proteína, ingredientes protéicos são importantes nas formulações (CARCIOFI, 2008).
Proteínas de origem animal apresentam maior variação em composição química, qualidade e digestibilidade que as de origem vegetal. Farinhas de origem animal podem apresentar excesso de matéria mineral, limitando sua inclusão na fórmula, enquanto derivados protéicos vegetais apresentam diversos fatores anti-nutricionais que devem ser inativados durante seu processamento. Proteínas vegetais apresentam boa digestibilidade e energia metabolizável para cães e gatos, sendo sua inclusão interessante para reduzir a matéria mineral da dieta, controlar o excesso de bases do alimento e manter adequada a digestibilidade do produto. A farinha de vísceras de frango, dentre as proteínas de origem animal secas demonstra-se como a de melhor digestibilidade e energia metabolizável (CARCIOFI, 2008).
Farelo
de soja
|
Farelo
de glúten de milho
|
Farinha
de carne ou ossos
|
Farinha
de víceras de frango
|
|||
Coeficientes de digestibilidade aparente
|
||||||
Matéria
seca
|
81,10
|
82,41
|
82,76
|
83,69
|
||
Matéria
orgânica
|
86,33
|
89,16
|
89,96
|
88,75
|
||
Proteína
bruta
|
86,31
|
88,13
|
85,88
|
84,84
|
||
Extrato
etéreo
hidrólise
ácida
|
92,07
|
91,75
|
91,90
|
91,72
|
||
Extrativos
não nitrogenados
|
89,18
|
91,60
|
93,45
|
92,52
|
||
Matéria
seca fecal
|
30,18
|
37,74
|
41,19
|
35,07
|
||
Figura B – Coeficiente de
digestibilidade aparente e MS fecal de cães alimentados com rações contendo
diferentes fontes protéicas (média)
Considerações
finais
É importante o proprietário estar atento a composição da ração que seu animal está ingerindo, pois o fator que infuencia o desenvolvimento de doenças é pode estar relacionado a nutrição do animal, dependendo da qualidade da ração utilizada. O sistema imune é o primeiro a sofrer alterações na desnutrição, respondendo antes mesmo que o sistema reprodutivo.
Autoras: WOLFARTH, Denise¹; JOHANN, Maria1; ARALDI, Daniele2
1 Acadêmicas do curso de Medicina Veterinária na UNICRUZ.
2 Professora da disciplina de Nutrição Animal da faculdade de Medicina Veterinária da UNICRUZ
XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão (04, 05 e 06 de Outubro de 2011) Unicruz
Estamos alimentados nossos gatos com AN, alimentação natural. Feita de ossos carnudos moídos,vísceras e carne. Está sendo uma experiência muito boa, eles se adaptaram muito bem. E sem dúvida é mais saudável que qualquer alimento industrializado.
ResponderExcluirEstamos alimentados nossos gatos com AN, alimentação natural. Feita de ossos carnudos moídos,vísceras e carne. Está sendo uma experiência muito boa, eles se adaptaram muito bem. E sem dúvida é mais saudável que qualquer alimento industrializado.
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